Grendene

“Somos um grande CDB com um negócio de calçados acoplado”.  O diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene, Francisco Schmitt, não poderia ter sido mais direto e objetivo ao definir o modelo de negócios da empresa. A frase foi suficiente para que os acionistas e investidores entendessem o que esperar para os próximos anos de uma das maiores produtoras mundiais de calçados.

Os desafios e metas da Grendene foram apresentados em uma reunião realizada na semana passada. Schmitt foi questionado sobre vários assuntos. No entanto, a pergunta mais comum feita pelos acionistas e investidores foi: quando será distribuído esse caixa que só faz crescer e já atinge R$1 ,5 bilhão?

Sem titubear, o diretor financeiro da Grendene respondeu que a atual política de dividendos deve ser mantida – o que significa distribuir todo o lucro líquido, descontadas a reserva de incentivos ficais e reserva legal. Schmitt ainda acrescentou que, com a recuperação da economia, mais recursos do caixa serão utilizados na operação da empresa.

Aumento do petróleo não nos atinge

 Petróleo

Enganou-se quem achou que os calçados da Grendene – como Melissa, Ipanema ou Rider – dependem do petróleo. Que nada!

Segundo Schmitt, o gás natural e o cloro compõem o PVC utilizado nos produtos. Assim, os custos da empresa não dependem do preço volátil do ouro negro.

O diretor ainda afirmou que, com o aumento da produção de gás a partir do xisto nos Estados Unidos, a tendência é que os preços fiquem comportados nos próximos anos.

Dólar e seus efeitos na Grendene

dolar 

A empresa sinalizou que faz apenas hedge cambial – proteção contra variações do dólar – para garantir a receita. Até 90 dias antes do embarque dos calçados, o preço em real é travado de maneira a não depender do câmbio.

Quanto aos custos, Schmitt deu uma resposta curiosa para o fato de a Grendene não fazer hedge: quando o dólar sobe, o aumento de custos é compensado pelo menor preço do gás. E, em cenários de bonança, quando a moeda americana cai, o valor da matéria-prima costuma subir. Assim, não há, segundo o diretor financeiro, necessidade de proteção cambial para os custos da empresa.

Por fim, respondendo a uma pergunta sobre o impacto do dólar na companhia, Schmitt afirmou que o resultado é dúbio: períodos de alta do dólar, que significam maior valor exportado, geralmente, vem acompanhados de recessão ou menor crescimento interno, o que diminui a demanda no Brasil pelos produtos da Grendene, disse.

 Market Share 

Ipanema

A Grendene detém 25% de participação no mercado de consumo de massa de calçados, enquanto que a Alpargatas – dona da marca Havaianas – possui entre 40% e 45%, segundo Schmitt.

A diferença da Grendene em relação a sua concorrente parece grande, certo? Depende! Quando consideramos que a Ipanema estreou no começo da década de 2000 e a Havaianas é uma marca de 1962 percebemos que a empresa conquistou uma boa fatia do mercado.

A boa atuação da Grendene e o crescimento da marca em pouco tempo fez com que os acionistas e investidores questionassem Schmitt sobre a previsão de aumento de market share – nacional e internacional – da fabricante de calçados. “A gente cresce devagar com relacionamento forte”, disse o diretor, que usou a Crocs como exemplo de empresa que expandiu fortemente e hoje vê suas lojas sendo fechadas uma a uma com a queda de demanda.

 Metas da companhia

LL Grendene

 A Grendene traçou uma meta de crescimento do lucro líquido de 12% a 15% ao ano para o decênio 2008-2018.

O gráfico acima mostra que em oito anos o resultado da companhia aumentou 165%, se mantendo dentro do guidance. Segundo Schmitt, esse número é fruto do aumento de produtividade e margens da empresa.

A Grendene é uma das ações da Carteira KB. Acompanhe aqui nossos resultados e dê sua opinião!

Quer saber mais sobre CDB? Veja o texto “Qual rende mais? LCI ou CDB?

 

14 pensamentos

      1. Sim, mas mesmo assim é minha maior posição, porque acredito na qualidade da marca, o balanço é bom e a ação está num bom preço para se comprar conservadoramente. Um dia sentei num banco num shopping na frende de uma loja MELISSA e reparei que TODA mulher que passava por ali parava para dar uma olhada nos calçados.

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  1. Perfeito! No ano passado, pelo que vi do resultado, foi um par de sandálias para cada quatro brasileiros; em um ano de crise e 12 milhões de desempregados.

    Boa empresa no Brasil é sinônimo de empresa que lucra na crise. O trabalhador pode reclamar da crise, a companhia, não. Nos últimos quarenta anos, salvo engano, passamos por dois períodos de bonança, ou seja, vivemos muito mais em crise do que fora dela.

    Abraço!

    http://antipoda.com.br/

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