O resultado do segundo trimestre das empresas Marfrig e JBS vão entrar para a história. Com lucro operacional recorde, as produtoras de carnes conseguiram atravessar com eficiência um dos momentos mais desafiadores da economia mundial.
Para se ter uma ideia dos números – quando comparados com o mesmo período do ano anterior –, a Marfrig viu seu EBITDA saltar 266% e chegar aos R$ 4 bilhões, o lucro líquido subir 1743% e bater R$ 1,6 bilhão e a receita líquida aumentar 54%, fechando em R$ 18, 9 bilhões.
O mesmo ocorreu com a JBS, que teve um EBITDA de 10,5 bilhões (105,9% maior), um lucro líquido de R$ 3,4 bilhões (alta de 54,8%) e receita líquida de R$ 67,6 bilhões – o que representa um salto de 32,9%.
Sobre a Marfrig, o BTG comentou que o resultado superou até mesmo as expectativas dos mais otimistas. “O EBITDA quase triplicou em dólares. O lucro líquido é reflexo dos fortes resultados operacionais e mais do que compensou o impacto negativo do câmbio”, destacou. Vale ressaltar que a desvalorização cambial diminui o lucro ao aumentar o montante da dívida.
No caso da JBS, o BTG sinalizou que a “estrutura de capital mais equilibrada, redução maior do custo de capital e foco crescente da administração de ESG podem melhorar a percepção de risco da empresa”.
A combinação da alta dos produtos bovinos aliada ao menor preço do gado permitiu melhores margens para a Marfrig e a JBS.
Saúde financeira
A dívida era um dos pontos que mereciam atenção no balanço da Marfrig. Não à toa, comentamos neste texto a necessidade de a empresa se desalavancar. Para a felicidade dos investidores, a companhia fez sua lição de casa e reduziu de 2,84 vezes para 1,79 vezes o EBITDA o nível de alavancagem em dólar – menor patamar da história da segunda maior produtora de carne bovina do mundo.
“Tivemos R$ 96 milhões de melhorias operacionais em um ano. A economia vem de várias áreas e é incorporada ao resultado de forma recorrente”, disse o CEO da Operação da América do Sul da Marfrig, Miguel Gularte.
A JBS também conseguiu reduzir, ano contra ano, sua alavancagem em dólares de 2,8 vezes para 1,75 vezes EBITDA. “Nossa estimativa conservadora é chegar a 1,5 vezes o EBITDA. Mas gostaríamos de ficar em duas a três vezes, que é quando maximizamos o valor para o acionista. Por conta do resultado que geramos, fica difícil chegar nesse valor. Eu teria que gastar sem trazer um EBITDA adicional para o balanço”, comentou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni.